Distintos Senhores e Senhoras, Patrícios e Contemporâneos, Digníssimo Júri. Terminado este percurso de RVCC, gostaria de poder dar um louvor, uma sincera palavra de agradecimento, a toda a envolvente humana, que torna possível este empreendimento académico, com a sua dedicação, espírito de missão, empenho e grandeza moral, abdicando de muitos e preciosos momentos da vida e da família, em favor dum projecto em que acreditam e levam a bom termo de corpo e alma.
Em boa verdade, me posso declarar tranquilo e satisfeito com os requisitos exigidos e desempenhos empreendidos, em prol da satisfação das mais diversas solicitações.
Seria irónico afirmar, que na idade em que me encontro com a cultura e as vivencias de que tenho sido usufrutuário, ainda tivesse que consultar compêndios, artigos ou dados, para concepção das mais diversas explanações desenvolvidas; resumiu-se assim este processo de aprendizagem, a sintéticas práticas de optimização de saberes adquiridos e acumulados ao longo do tempo.
Foi assim, como é possível confirmar no meu portefólio, reflectir, ponderar e expressar, as mais diversas teses sobre matérias em análise utilizando apenas os meus conhecimentos e formação moral e intelectual, sem recorrer a outros meios, mesmo correndo o risco, de afrontar conceitos pré-estabelecidos ou ferir sensibilidades.
Assumo este comportamento, não como um qualquer direito, mas como um dever de expressar a minha maturidade, autonomia e convicção, que os tortuosos caminhos da vida moldaram na minha pessoa.
Considero este formato de certificação académica, um lato cálculo de estatística do saber; nem sempre de onde sai fumo se pode presumir a existência de fogueira, não há exactidão total em qualquer cálculo, existe sempre um caracter de indiferença subjacente a qualquer pormenor por mais despercebido que seja, porem, há que distinguir o trigo do joio e entender este tipo de formação fruto de circunstâncias excepcionais, para fins excepcionais e que sofrerão apreciações excepcionais. Ninguém julgue com este percurso, ficar possuidor de algo que não pode possuir, ou ser aquilo que efectivamente não é.
A análise dos referenciais de núcleos geradores nos mais diversos contextos, são uma nova e revolucionária forma de creditação valorativa em contextos alargados de outras culturas, entre nós só o futuro ditará a verdadeira sentença de sua justa utilidade.
Tudo na vida duma pessoa tem um tempo próprio para ser aprendido: - o andar, o falar, ler escrever, contar…
Ainda recordo quanto doloroso foi aos dezoito anos, estudar e interpretar geometria analítica, geometria no espaço, lógica, logaritmos, teorias atómicas, tabelas periódicas, estruturas dos átomos, a cinemática, a estática e a dinâmica, as probabilidades da hereditariedade, os estilos e figuras dos nossos amados autores literários, as correntes do pensamento, o peso da psicologia, - entre uma imensidão de matérias que não venho aqui referir, - ir fazer exame e fazer oral para tirar dez! … Hoje os nossos filhos sofrem o mesmo, nada mudou, parece até que certas formas de avaliação se estigmatizaram.
Falando de novas oportunidades, porventura… ajudem-me… deu-me um lapso de memória... Não estamos a falar da mesma coisa?…
Nesta “encarnação”, estamos a verificar se o cavalheiro ou a senhora… realmente será pessoa de bem… se o seu espírito critico estará ou não parametrizado pelo formato universal… ou se tem conhecimentos alargados e bem definidos sobre: Direitos e Deveres, Complexidade e Mudança, Reflexividade e Pensamento crítico, Identidade e Alteridade, Convicção e Firmeza Ética, Abertura moral, Argumentação e Assertividade, Programação, Equipamentos e Sistemas Técnicos, Ambiente e Sustentabilidade, Saúde, Gestão e Economia, Tecnologias de Informação e Comunicação, Urbanismo e Mobilidade e Saberes Fundamentais.
Pela observação e verificação de desempenho destas matérias, é possível verificar se na formação interior, do agente aculturado dos tais dezoito anos, de à umas quantas décadas atrás, realmente existe ou não formação, que leve ao bom desempenho de hoje.
Com toda a certeza posso afirmar, que é muito tarde para aprender e se não fosse o reflexo do meu passado, seria impossível a solidez deste presente, pois foram para mim extremamente exigentes as provas de conhecimento solicitadas.
Considero, que só um dia num futuro distante, será possível estudar e tecer considerações sobre esta forma de certificação de conhecimentos entre nós, tal como hoje é possível pronunciarmo-nos com justiça e boa fé, sobre eventos outrora ocorridos. Nunca é correcto, criticar ou elogiar, metodologias ou procedimentos em uso experimental, sem se verificarem consolidados os seus frutos; eventualmente os vanguardismos poderão ter um domínio efémero, sendo necessário muito empreendedorismo e boa vontade para levar a bom termo a implementação dum evento revolucionário como este.
A maioria dos autores e criadores, no seu próprio tempo foram desprezíveis, perseguidos até excomungados, porém hoje são divinos ídolos, adorados e respeitados pela nossa civilização.
Vamos pois ter esperança, que algum dia este projecto de aculturação dê frutos e lhe seja prestado o seu verdadeiro tributo.
Na minha óptica, todo este processo apenas sofre dum pecado “ o original “, que é o facto do seu tardio surgimento na cena educacional da nossa sociedade. Deveria ter sido implementado à trinta anos; teria dado um grande progresso civilizacional ao nosso país, com a harmonização e normalização, de qualificações e habilitações, impedindo discrepâncias, abusos e discriminação de pessoas, em contexto de mercado de trabalho.
Nunca esquecerei o dia em que ao dirigir-me a uma empresa de vulto concorrendo um posto de trabalho, confirmando as minhas habilitações literárias e profissionais, fui humilhado, mal tratado e praticamente expulso, só porque o encarregado da contratação viu em mim um possível adversário, uma vez que possuía qualificação superior à sua e lhe poderia disputar o lugar.
Daí em diante, criei o meu próprio emprego e fiz a minha vida aceitando os trabalhos oferecidos, mercê da credibilização que meu mérito e desempenho despertava, até ao dia em que os sinuosos caminhos da vida me convenceram, que um emprego ao pé de casa, tranquilo, junto da família seria o melhor.
Dirigi-me então a uma empresa onde dei como habilitação literária a quarta classe. Foi realmente a situação mais feliz de sempre, eu era um verdadeiro artista, requisitado por todos… um autentico mágico… até ao dia em que do espaço da sua secção, o Engenheiro me viu e surpreso comentou: -…está ali um colega meu do colégio!...
Imediatamente o chefe exclamava: -… só se for da escola primária, aquele operário não tem formação escolar… até trabalha na agricultura… curiosamente, ainda ontem me disse, que com esta chuvita estava mesmo bom para semear nabos….
Efectivamente fora verdade, e foi uma forma maliciosa de lhe chamar nabo… mas mercê da sua deficiente aculturação o imbecil até percebeu outra coisa. O Engenheiro veio cumprimentar-me e confirmar a velha amizade, pelo que mesmo clamando pelo seu silêncio o ambiente veio a deteriorar-se, sendo eu obrigado a procurar novo emprego mas nas mesmas condições de segredo académico,
Deve a nossa sociedade, ser fundamentada culturalmente de forma a não se deixar cair em situações de escravidão, ou presas fáceis do Feudalismo Global e da avidez dos poderosos sem escrúpulos, que tudo podem e tudo conseguem de quem mais não sabe, que servir honestamente, paga-se hoje menos a um licenciado que a um cavador, - desses já há poucos - um massa bruta como o patronato classifica.
Meus amigos… isto é muito feio, espero francamente que as novas oportunidades, causem uma revolução social a todos os níveis e tragam aos nossos filhos um futuro mais risonho e promissor.
A todos o meu muito obrigado por tudo e um bem hajam do tamanho do mundo… até sempre.
Carlos Marques Dias Ferreira
Escola Secundária Eng. Acácio Calazans Duarte
Marinha Grande 12 de Novembro de 2009
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quarta-feira, 18 de novembro de 2009
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